O objetivo da pesquisa é analisar com profundidade o modelo mental das lideranças nas categorias planejamento, informação, gestão e resultados.
O método de pesquisa não engloba apenas ouvir os líderes, mas participar do campo e viver as práticas do seu dia a dia. Os discursos e as práticas dos líderes demonstram contradições interessantes.
MODELO MENTAL DOS LÍDERES EM RELAÇÃO À GESTÃO ESTRATÉGICA. O modelo mental significa que cada pessoa tem sua própria realidade, isto é, como percebe o mundo, pensa, sente e dá sentido às suas experiências. Os líderes jogam nesse processo os seus valores, emoções, percepções, intuições e interesses políticos no julgamento da realidade.
Quanto a gestão estratégica, equivale a um conjunto de conhecimentos codificados, cujo foco é a antecipação, formulação, aprendizado, monitoramento e obtenção de resultados. Ao efetivar iniciativas para gerar um resultado precisamos sempre de gestão. Envolve algo que não apenas explique o que ocorreu no passado, mas que nos permita também direcionar o futuro.
As inferências sobre modelo mental do empresário em gestão estratégica têm como base a pesquisa de campo realizada em 25 médias empresas familiares, com faturamento anual entre R$ 10 milhões a R$ 80 milhões, de 60 a 250 colaboradores, nos setores de alimentos, plásticos, embalagens, metalmecânica, vestuário e atacado.
A figura MODELO MENTAL DOS LÍDERES EM RELAÇÃO À GESTÃO ESTRATÉGICA demonstra que 60% das médias empresas têm sintomas críticos como baixa lucratividade, comoditização, carência de informações para decisão e crise de propósito. Detalha-se os sintomas críticos da seguinte forma:
- Desconhecimento de métricas, em especial do índice de lucratividade, e fragilidade das informações para tomada de decisões; - Sintoma de baixa lucratividade, baixa diferenciação e excesso de comoditização nos produtos e serviços; - Liderança baseada em ações por impulso e fragilidade das ações estratégicas; - Fragilidade no alinhamento entre as equipes e no propósito da empresa; Baixa maturidade do pensamento estratégico na produtividade das receitas, dos custos e do crescimento lucrativo.
A pesquisa mostra que há correlação entre os sintomas críticos e índice de lucratividade auferido pela empresa. No caso do modelo de gestão estratégica frágil, o índice de lucratividade varia entre 0% a -20%. Como hipótese, extrapolando para a economia capixaba, isso envolve aproximadamente 1.500 empresas, PIB de R$ 30 bilhões e 150 mil postos de trabalho.
Concluindo, todo organismo que sobrevive e evolui precisa ter competência central para modificar as mentalidades e hábitos ao longo do tempo. Quem quiser durar terá que planejar a mudança e não a deixar ao acaso.
ROGÉRIO MONTEIRO Diretor da Innovare Estratégia. Administrador, Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP.
REFERÊNCIAS - Mintzberg, Henry. Managing. Porto Alegre, Bookman, 2010. - Kahneman, Daniel. Rápido e devagar – duas formas de pensar. RJ, Objetiva, 2012.
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