O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído. (Titãs)
O objetivo do texto é o de interpretar os gestores mediante as contradições críticas envolvendo expectativas, medos e a negligência com a jornada estratégica.
Minha experiência de pesquisa e intervenção acontece em média empresa, especialmente em situação de recuperação ou de necessidade de crescimento. Nestes dois casos, no início do processo de intervenção, os gestores – empresários, gerentes e líderes - estão de fato à beira de um ataque de nervos. Eles lutam contra situações críticas como carência de informação/realidade, visão incompatível com a base de recursos, ação sem métricas e frágil cultura do lucro.
Quando vemos pessoas tão felizes nas redes sociais, não se pode esquecer que há bastidores. Ser gestor não é uma tarefa fácil, ainda mais quando no organismo empresa há necessidade de confrontar e negociar o conforto cognitivo, para que o organismo perceba um diferente, um novo. Condição essencial para a sobrevivência.
Com relação as expectativas dos gestores, elas são feitas de ideias incompatíveis com a possibilidade de execução, que considero desejos transbordantes, isto é, tudo em excesso, perfeito, apenas ancorado na vontade. Ademais, conflitante com as competências e os recursos disponíveis para uma consistente tomada de decisão. Em resumo, é a crença do clássico triunfo da esperança sobre a experiência.
Sobre os gestores e seus medos, há uma certa repetição de hábitos que evita ver um mundo “novo” e diferente, o que pode ser perigoso. Então, os gestores evitam um estímulo novo com reserva e medo. Hábitos e atitudes que permitem a uma empresa desconhecer ou esconder seus problemas, geram crise de sobrevivência e fragilidades em gestores que não desconfiam de coisas novas.
Na negligência com a jornada estratégica - que envolve pessoas, enredo, projetos, bases de recursos e ação no tempo - muitas vezes ocorre divergência na duração, isto é, damos à parte boa e à ruim de nossa experiência um peso igual, apesar da parte boa tenha duração de cinco vezes mais que a ruim. Então, simpatias, gostos e decisões são moldados pelas lembranças, e as lembranças podem estar equivocadas.
Concluindo, como os gestores formam seus julgamentos e como eles atribuem pesos na tomada de decisão? O texto buscou responder mediante interpretação envolvendo expectativas, medos e negligência da jornada. Qual a solução para os impasses? Primeiro, a jornada precisa se basear na ideia de contínuo desenvolvimento e melhorias, na qual expectativas, medos e lembranças devem ser enfrentados. Segundo, na evolução dos gestores, é imprescindível a crença de que a força motriz que leva uma empresa ao crescimento está em agir como um organismo que aprende.
Rogério Antonio Monteiro
- CEO da Innovare Estratégia. Site www.innovareestrategia.com
- Administrador, Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.